A primeira coisa que devemos entender
é que servir é uma virtude, um dom que recebemos de Deus, todos nós somos
convidados a praticá-la continuamente, através de gestos diários. Um cristão
não pode deixar de servir às demais pessoas por se considerar superior aos
outros seres humanos. É totalmente diferente dos ensinamentos de Jesus, se
colocar em situação de ser servido por se achar melhor que as outras pessoas. É
uma questão de escolha, se quer ser ou não cristão, não de obrigação, porque
quando somos obrigados fazemos de má vontade, o servir deve ser prazeroso, agradável,
evidentemente se não desejar ser um seguidor de Cristo, é livre para tal e
todas as escolhas religiosas devem ser respeitadas.
Um dom não é uma brincadeira ou um
passatempo, é algo sério e precisa ser tratado desse modo. Não podemos nos
dedicar a fazer essas obras visando apenas aparecer diante da sociedade como uma
boa pessoa, tem gente que se ilude e acha que parecer bom, ter aparência de servo
diante da sociedade, é ter caminho direto para o céu, devemos lembrar que essa
exposição é coisa de Fariseu.
Servir não é ocupar o primeiro lugar
da fila ou pensar o tempo todo em dinheiro e riquezas materiais, pelo
contrário, servir é se disponibilizar e se doar. Servir é deixar o espaço para
que o próximo se sinta acolhido e confortável. No momento em que estou
partilhando, estou servindo. É fazer com que todos tenham o suficiente, tanto
no âmbito material como no espaço da periferia existencial, que é a falta de
amor e da esperança. Além de levar o pão e dar água, servir é levar o evangelho
e a esperança, não só com palavras, mas com testemunho de vida, que é
fundamental nesse processo.
Servir é evangelizar com gestos e
palavras, servir é levar o amor, e “onde reina o amor, o fraterno amor, Deus aí
está”. Quando uma pessoa tem a alegria de servir ao irmão ou à irmã, ele leva
consigo Deus para o próximo, ele traz Jesus para aquele espaço. Jesus está
presente conosco na rua, em casa e em todos os espaços que estamos servindo. A
Sagrada Escritura é clara e afirma: “cada um dê segundo se propôs em seu
coração, não dê de má vontade nem constrangido, pois Deus ama quem dá com
alegria” (2 Coríntios 9: 7).
Quando estamos diante do servir não
podemos esquecer que o maior, o grande mestre e pastor se faz modelo de
serviço. Que mesmo sendo Deus, vai em direção ao povo, aos pobres e doentes
para servi-los e acolhê-los. Jesus não chega mandando, Jesus chega servindo,
ele se coloca em posição de querer cuidar, curar e acolher. Se o maior entre
todos, sempre se coloca como pequenino, como eu posso me achar o chefão que
manda e desmanda em tudo? Como eu posso desejar que a minha vontade seja sempre
executada e não a vontade de Deus? Como eu posso me corromper pelo status e
esperar que me adorem e me aplaudam? Quem merece os aplausos, quem merece ser
louvado, quem merece ser o centro e ter todas as vontades atendidas é Cristo.
O grupo de jovens tem como uma de
suas missões apresentar JESUS e o SERVIR dentro de suas reuniões e demais
atividades. Mas como se faz isso em um grupo? É nesse momento que confrontamos
as palavras bonitas ditas acima, com a realidade vivida em nossas comunidades.
Quanto a isso muitas coisas podem ser ditas, como o grupo se reunir para limpar
a Igreja, não sozinhos porque o jovem não é mão de obra barata, mas em conjunto
com os demais grupos, movimentos e pastorais. Cantar nas Missas e demais celebrações
e atividades da Paróquia, mas não só isso porque deixa-se de ser grupo de
jovens para ser grupo de canto/liturgia; promovendo obras sociais como cursos
de instrumentos musicais ou de reciclagem, doação de alimentos e roupas ou
construindo casas populares e Igrejas, muitas outras coisas podem ser feitas na
nossa comunidade.
Além dessas várias ações que o grupo
de jovens pode executar, gostaria de chamar a atenção para uma das que julgo
fundamental para o crescimento de cada jovem membro do grupo, como para o
próprio grupo: a prática da igualdade, que transforma a vida de quem vive nesse
espaço. Tratar o outro membro do grupo como igual é um belíssimo gesto de
serviço, esse tratamento vai desde o momento em que a reunião acontece em
círculo até o momento em que todos podem se posicionar e expor o que pensam. Lembrando
que o coordenador ou equipe de coordenação não são melhores ou superiores, eles
são apenas jovens com funções diferentes, nessa ciranda onde todos têm uma
função.
Nos nossos grupos de
jovens, os coordenadores têm um papel fundamental, mas precisam entender o
mistério do servir, pois é uma responsabilidade maior. Se não vigiar ele se
tornará ditador ou super protetor dentro do grupo, o coordenador precisa
entender que ele é referência de comportamento dos demais jovens, se ele iniciar
essa atitude de dedicação ao próximo os outros irão acompanhar. Para quem não
coordena, o trabalho é
contribuir nas tarefas do coordenador, opinar sobre as atividades e tentar
entender de modo conjunto como devem ser os encaminhamentos dentro do grupo,
assim como organizar reuniões ou se disponibilizar sempre que o grupo precisar
de ajuda.
Muitas vezes o jovem não encontra na
família ou nos amigos oportunidades ou aberturas para um diálogo sério e
construtivo, os pais não conversam com o filho porque não têm tempo e devido à
pouca idade, julgam que ele não sabe de nada ou pouco entende sobre a vida,
deixando a novela em um lugar de maior importância no dia-a-dia do que os
anseios próprios do filho. No caso dos amigos,
as relações de amizades que estamos firmando contemporaneamente são voltadas
para a curtição e a zoeira, não sobrando espaço para debater as dúvidas diante
de toda a novidade que o jovem vive, ou pensar sobre seus problemas. Se fora da
Igreja o jovem não pode dialogar ou se educar, o grupo de jovens tem essa
responsabilidade, pois se nem na comunidade acontecer o acolhimento, qual será
o refúgio desse jovem? Onde ele vai passar o tempo preenchendo esses vazios
existenciais? A vida dele dependerá dessa roda de conversa onde todos são
bem-vindos e iguais.
O grupo de jovens precisa firmar e
viver uma opção pela vida dos jovens e dos pobres, acolhendo o diferente e
dando espaço para que todos falem e escutem. Dessa forma, além de grupo, será
uma família. Se estamos em serviço, visando o bem do outro, estamos em sintonia
e viveremos em comunhão. Essa vivência marcará a vida do jovem e desse espaço
de comunidade surgem os grandes amigos para a vida toda. Nessa minha caminhada
tenho a oportunidade de encontrar adultos que passaram por um grupo e as
lágrimas vem aos olhos quando recordam esse tempo, os discursos carregados de
saudade e afirmações de como o grupo foi importante para sua formação. Que
possamos perpetuar a oportunidade do jovem encontrar amigos e família no grupo
de jovens.
“É muito gostoso,
Este nosso aconchego,
Este nosso chamego,
Esta nossa alegria de ser
feliz.”
Carlos Nunes
Pastoral da Juventude
Parabéns, belas palavras. Irei levar p/os jovens.. Sucesso, força e fé! abraço!
ResponderExcluirobrigado!!! Espero que ajude você e os jovens da sua terra na caminhada pastoral. Abraço, Tai!!!!
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