segunda-feira, 23 de março de 2015

Jesus, servir e Grupo de Jovens




          A primeira coisa que devemos entender é que servir é uma virtude, um dom que recebemos de Deus, todos nós somos convidados a praticá-la continuamente, através de gestos diários. Um cristão não pode deixar de servir às demais pessoas por se considerar superior aos outros seres humanos. É totalmente diferente dos ensinamentos de Jesus, se colocar em situação de ser servido por se achar melhor que as outras pessoas. É uma questão de escolha, se quer ser ou não cristão, não de obrigação, porque quando somos obrigados fazemos de má vontade, o servir deve ser prazeroso, agradável, evidentemente se não desejar ser um seguidor de Cristo, é livre para tal e todas as escolhas religiosas devem ser respeitadas.

          Um dom não é uma brincadeira ou um passatempo, é algo sério e precisa ser tratado desse modo. Não podemos nos dedicar a fazer essas obras visando apenas aparecer diante da sociedade como uma boa pessoa, tem gente que se ilude e acha que parecer bom, ter aparência de servo diante da sociedade, é ter caminho direto para o céu, devemos lembrar que essa exposição é coisa de Fariseu.
          Servir não é ocupar o primeiro lugar da fila ou pensar o tempo todo em dinheiro e riquezas materiais, pelo contrário, servir é se disponibilizar e se doar. Servir é deixar o espaço para que o próximo se sinta acolhido e confortável. No momento em que estou partilhando, estou servindo. É fazer com que todos tenham o suficiente, tanto no âmbito material como no espaço da periferia existencial, que é a falta de amor e da esperança. Além de levar o pão e dar água, servir é levar o evangelho e a esperança, não só com palavras, mas com testemunho de vida, que é fundamental nesse processo.
          Servir é evangelizar com gestos e palavras, servir é levar o amor, e “onde reina o amor, o fraterno amor, Deus aí está”. Quando uma pessoa tem a alegria de servir ao irmão ou à irmã, ele leva consigo Deus para o próximo, ele traz Jesus para aquele espaço. Jesus está presente conosco na rua, em casa e em todos os espaços que estamos servindo. A Sagrada Escritura é clara e afirma: “cada um dê segundo se propôs em seu coração, não dê de má vontade nem constrangido, pois Deus ama quem dá com alegria” (2 Coríntios 9: 7).
          Quando estamos diante do servir não podemos esquecer que o maior, o grande mestre e pastor se faz modelo de serviço. Que mesmo sendo Deus, vai em direção ao povo, aos pobres e doentes para servi-los e acolhê-los. Jesus não chega mandando, Jesus chega servindo, ele se coloca em posição de querer cuidar, curar e acolher. Se o maior entre todos, sempre se coloca como pequenino, como eu posso me achar o chefão que manda e desmanda em tudo? Como eu posso desejar que a minha vontade seja sempre executada e não a vontade de Deus? Como eu posso me corromper pelo status e esperar que me adorem e me aplaudam? Quem merece os aplausos, quem merece ser louvado, quem merece ser o centro e ter todas as vontades atendidas é Cristo.
          O grupo de jovens tem como uma de suas missões apresentar JESUS e o SERVIR dentro de suas reuniões e demais atividades. Mas como se faz isso em um grupo? É nesse momento que confrontamos as palavras bonitas ditas acima, com a realidade vivida em nossas comunidades. Quanto a isso muitas coisas podem ser ditas, como o grupo se reunir para limpar a Igreja, não sozinhos porque o jovem não é mão de obra barata, mas em conjunto com os demais grupos, movimentos e pastorais. Cantar nas Missas e demais celebrações e atividades da Paróquia, mas não só isso porque deixa-se de ser grupo de jovens para ser grupo de canto/liturgia; promovendo obras sociais como cursos de instrumentos musicais ou de reciclagem, doação de alimentos e roupas ou construindo casas populares e Igrejas, muitas outras coisas podem ser feitas na nossa comunidade.
          Além dessas várias ações que o grupo de jovens pode executar, gostaria de chamar a atenção para uma das que julgo fundamental para o crescimento de cada jovem membro do grupo, como para o próprio grupo: a prática da igualdade, que transforma a vida de quem vive nesse espaço. Tratar o outro membro do grupo como igual é um belíssimo gesto de serviço, esse tratamento vai desde o momento em que a reunião acontece em círculo até o momento em que todos podem se posicionar e expor o que pensam. Lembrando que o coordenador ou equipe de coordenação não são melhores ou superiores, eles são apenas jovens com funções diferentes, nessa ciranda onde todos têm uma função.
          Nos nossos grupos de jovens, os coordenadores têm um papel fundamental, mas precisam entender o mistério do servir, pois é uma responsabilidade maior. Se não vigiar ele se tornará ditador ou super protetor dentro do grupo, o coordenador precisa entender que ele é referência de comportamento dos demais jovens, se ele iniciar essa atitude de dedicação ao próximo os outros irão acompanhar. Para quem não coordena, o trabalho é contribuir nas tarefas do coordenador, opinar sobre as atividades e tentar entender de modo conjunto como devem ser os encaminhamentos dentro do grupo, assim como organizar reuniões ou se disponibilizar sempre que o grupo precisar de ajuda.
          Muitas vezes o jovem não encontra na família ou nos amigos oportunidades ou aberturas para um diálogo sério e construtivo, os pais não conversam com o filho porque não têm tempo e devido à pouca idade, julgam que ele não sabe de nada ou pouco entende sobre a vida, deixando a novela em um lugar de maior importância no dia-a-dia do que os anseios próprios do filho. No caso dos amigos, as relações de amizades que estamos firmando contemporaneamente são voltadas para a curtição e a zoeira, não sobrando espaço para debater as dúvidas diante de toda a novidade que o jovem vive, ou pensar sobre seus problemas. Se fora da Igreja o jovem não pode dialogar ou se educar, o grupo de jovens tem essa responsabilidade, pois se nem na comunidade acontecer o acolhimento, qual será o refúgio desse jovem? Onde ele vai passar o tempo preenchendo esses vazios existenciais? A vida dele dependerá dessa roda de conversa onde todos são bem-vindos e iguais.
          O grupo de jovens precisa firmar e viver uma opção pela vida dos jovens e dos pobres, acolhendo o diferente e dando espaço para que todos falem e escutem. Dessa forma, além de grupo, será uma família. Se estamos em serviço, visando o bem do outro, estamos em sintonia e viveremos em comunhão. Essa vivência marcará a vida do jovem e desse espaço de comunidade surgem os grandes amigos para a vida toda. Nessa minha caminhada tenho a oportunidade de encontrar adultos que passaram por um grupo e as lágrimas vem aos olhos quando recordam esse tempo, os discursos carregados de saudade e afirmações de como o grupo foi importante para sua formação. Que possamos perpetuar a oportunidade do jovem encontrar amigos e família no grupo de jovens.


  “É muito gostoso,
Este nosso aconchego,
 Este nosso chamego,
Esta nossa alegria de ser feliz.”

Carlos Nunes
Pastoral da Juventude

Arquidiocese de Aracaju

3 comentários:

  1. Parabéns, belas palavras. Irei levar p/os jovens.. Sucesso, força e fé! abraço!

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    1. obrigado!!! Espero que ajude você e os jovens da sua terra na caminhada pastoral. Abraço, Tai!!!!

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