segunda-feira, 28 de março de 2016

É preciso procurar o Nazareno



            Nós cristãos, nos deparamos mais uma vez com a injustiça praticada pela humanidade, ao crucificar o Cristo. Reviver esses momentos de Jesus com cuidado e sintonia nos trazem respostas mesmo tendo se passado dois mil anos. Muito mais do que ir ao templo, é preciso refletir sobre os momentos que chamamos de Semana Santa e daí reafirmarmos o nosso compromisso com a vida dos pobres e excluídos.
Jesus sabe porque está lá como prisioneiro político-religioso, nós também precisamos saber e constatar que a opção preferencial do Mestre foi o motivo de desejarem a sua morte, a sua vida de dedicação e sem desvios incomodou muitos poderosos de dentro e de fora da Igreja. Jesus não desviou do caminho, inclusive diante de leis injustas, como o caso da mulher que seria apedrejada e Ele se posiciona contrário a pena de morte (João 8, 1-11), desde lá deve ficar claro que lei e justiça não são necessariamente a mesma coisa e que por sermos cristãos devemos seguir a justiça, quando as leis forem injustas.
Seria no mínimo falsidade de nossa parte, saber que é preciso agir e não agir, ter conhecimento da missão cristã e não executá-la, isso não pode acontecer. Fazer um compromisso com o Cristo e não se preocupar em ser sal e luz na vida das pessoas é algo semelhante ao que Pedro faz ao negar ser discípulo do mestre, quando Jesus está nas mãos dos que irão mata-lo.
A verdade é o caminho da contramão. Se seguirmos esse caminho que difere do trajeto escolhido pela maioria, encontraremos pobres, doentes, “criminosos”, mulheres marginalizadas (quer seja pelo machismo ou alguma outra forma de opressão), jovens, idosos e toda e qualquer pessoa que não interessa aos poderosos.   Esse difícil caminho é marcado pela alegria da partilha e construção coletiva, que preparam para os desafios e barreiras da jornada.
Jesus fez o oposto dos ricos e poderosos líderes políticos e religiosos do seu tempo, e o interessante é perceber que, mesmo tendo se passado tanto tempo, muitas igrejas e “crentes” se preocupam mais com o dinheiro do que com as pessoas, assim como os políticos só fazem o que o povo deseja quando lhe convém. Essa oposição foi um dedo na ferida, por conta disso ele se tornou um preso político-religioso e consequentemente torturado e condenado à pena de morte.
            O Jovem de Nazaré paga caro por fazer uma opção preferencial. Isso quer dizer que se não estivermos sendo perseguidos também, mesmo nos assumindo cristãos e cristãs, estamos fazendo algo errado, construir um compromisso com Jesus nos leva a denunciar tudo que não condiz com os seus ensinamentos e nos gera punições daqueles que causam sofrimento no povo. Afirmo isso porque as sociedades de ontem e de hoje são muito semelhantes, apesar de contextos históricos diferentes, isso nos leva a crer que as perseguições também devem se repetir a quem testemunhar e proclamar a verdade e a justiça, toda pessoa que ousar falar em nome daqueles que estão a margem da sociedade receberá uma cruz e uma coroa de espinhos.
Obrigado Jesus por mostrar a grandeza e importância dessa trilha de serviço e humildade.


Carlos Nunes
Estudante de Filosofia – UFS
Articulador da PJB na Região Pastoral II (Sergipe)
Regional Nordeste III