Nós
cristãos, nos deparamos mais uma vez com a injustiça praticada pela humanidade,
ao crucificar o Cristo. Reviver esses momentos de Jesus com cuidado e sintonia
nos trazem respostas mesmo tendo se passado dois mil anos. Muito mais do que ir
ao templo, é preciso refletir sobre os momentos que chamamos de Semana Santa e
daí reafirmarmos o nosso compromisso com a vida dos pobres e excluídos.
Jesus
sabe porque está lá como prisioneiro político-religioso, nós também precisamos
saber e constatar que a opção preferencial do Mestre foi o motivo de desejarem
a sua morte, a sua vida de dedicação e sem desvios incomodou muitos poderosos
de dentro e de fora da Igreja. Jesus não desviou do caminho, inclusive diante
de leis injustas, como o caso da mulher que seria apedrejada e Ele se posiciona
contrário a pena de morte (João 8, 1-11), desde lá deve ficar claro que lei e
justiça não são necessariamente a mesma coisa e que por sermos cristãos devemos
seguir a justiça, quando as leis forem injustas.
Seria
no mínimo falsidade de nossa parte, saber que é preciso agir e não agir, ter
conhecimento da missão cristã e não executá-la, isso não pode acontecer. Fazer
um compromisso com o Cristo e não se preocupar em ser sal e luz na vida das
pessoas é algo semelhante ao que Pedro faz ao negar ser discípulo do mestre,
quando Jesus está nas mãos dos que irão mata-lo.
A
verdade é o caminho da contramão. Se seguirmos esse caminho que difere do
trajeto escolhido pela maioria, encontraremos pobres, doentes, “criminosos”,
mulheres marginalizadas (quer seja pelo machismo ou alguma outra forma de
opressão), jovens, idosos e toda e qualquer pessoa que não interessa aos
poderosos. Esse difícil caminho é
marcado pela alegria da partilha e construção coletiva, que preparam para os
desafios e barreiras da jornada.
Jesus
fez o oposto dos ricos e poderosos líderes políticos e religiosos do seu tempo,
e o interessante é perceber que, mesmo tendo se passado tanto tempo, muitas
igrejas e “crentes” se preocupam mais com o dinheiro do que com as pessoas,
assim como os políticos só fazem o que o povo deseja quando lhe convém. Essa
oposição foi um dedo na ferida, por conta disso ele se tornou um preso
político-religioso e consequentemente torturado e condenado à pena de morte.
O
Jovem de Nazaré paga caro por fazer uma opção preferencial. Isso quer dizer que
se não estivermos sendo perseguidos também, mesmo nos assumindo cristãos e
cristãs, estamos fazendo algo errado, construir um compromisso com Jesus nos
leva a denunciar tudo que não condiz com os seus ensinamentos e nos gera
punições daqueles que causam sofrimento no povo. Afirmo isso porque as
sociedades de ontem e de hoje são muito semelhantes, apesar de contextos
históricos diferentes, isso nos leva a crer que as perseguições também devem se
repetir a quem testemunhar e proclamar a verdade e a justiça, toda pessoa que
ousar falar em nome daqueles que estão a margem da sociedade receberá uma cruz
e uma coroa de espinhos.
Obrigado
Jesus por mostrar a grandeza e importância dessa trilha de serviço e humildade.
Carlos
Nunes
Estudante
de Filosofia – UFS
Articulador
da PJB na Região Pastoral II (Sergipe)
Regional
Nordeste III